Mês das crianças: segunda língua como passaporte para o mundo

Descubra como o ensino de inglês pode promover oportunidades acadêmicas, profissionais e culturais, além de benefícios cognitivos e para a saúde

Considerado um verdadeiro “passaporte para o mundo”, aprender inglês desde cedo abre portas para oportunidades acadêmicas e profissionais futuras. Falar uma segunda língua promove o acesso à cultura e ao conhecimento globais e à possibilidade de se comunicar com pessoas de todo o planeta. Em um mundo cada vez mais interconectado, essas habilidades são fundamentais.

Mas as vantagens do bilinguismo não param por aí. Desenvolvimento cognitivo, flexibilidade mental, maior capacidade de foco e atenção e prevenção de doenças neurológicas são outros benefícios de ser um “cidadão global”.

Neste artigo, exploramos como uma alfabetização bilíngue facilita o aprendizado a longo prazo, a importância da multiculturalidade na vida da criança e como essa competência abre oportunidades no mercado de trabalho. Abordaremos também as vantagens para a saúde cerebral e traremos dicas para a alfabetização bilíngue. Confira!

As vantagens de aprender inglês desde cedo

Em 2018, o prestigiado Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, realizou uma pesquisa para identificar o período ideal para se aprender um idioma com fluência. Cerca de 670 mil pessoas de diferentes idades e nacionalidades preencheram um teste gramatical no formato de um quiz online. A análise dos dados mostrou que há uma “janela de oportunidade” para esse aprendizado: a idade máxima para obter um conhecimento gramatical próximo ao de um falante nativo é 10 anos. Depois disso, o aprendizado torna-se mais trabalhoso e difícil. Por isso, é importante inserir a língua estrangeira no cotidiano desde a infância.

Um outro estudo, feito pela Universidade do Missouri, também nos EUA, sugeriu que os seres humanos nos primeiros meses de vida apresentam uma extensa capacidade de ouvir, processar e aprender múltiplos idiomas. Os bebês mais novos são capazes de separar os sons de cada língua em diferentes categorias, enquanto as crianças bilíngues em idade pré-escolar têm habilidades de interpretar contextos e direcionar a linguagem correta para cada pessoa.

Seguindo essas evidências, na década de 1960, surgiu o método da alfabetização bilíngue, que insere o segundo idioma desde os primeiros anos de vida. A língua materna é usada como base para aprender a segunda língua, com a utilização de recursos audiovisuais, oralidade e outros meios para fazer conexões entre as duas. “É importante ressaltar que o processo de alfabetização ocorre apenas uma vez na vez na vida, a não ser no caso de alfabetos diferentes”, afirmam Samanta Freitas e Shalomir Saunders, especialistas pedagógicas da Eduall. “O que ocorre na alfabetização bilíngue português-inglês é uma transposição do que foi aprendido na primeira língua para a segunda.”

As especialistas explicam que, em um primeiro momento, pode acontecer alguma confusão ou mistura entre as duas línguas, o que é normal e não é motivo de preocupação. Com o tempo, torna-se mais fácil para as crianças diferenciarem os dois idiomas, buscando cada vez mais a utilização de cada um deles nas situações cotidianas com naturalidade. “Não há pesquisas que comprovem que a educação bilíngue possa atrapalhar ou atrasar o desenvolvimento de uma criança, muito pelo contrário”, destacam. “A aquisição de uma segunda língua é altamente recomendada e sugerida por diversos estudos.”

O ensino de inglês na infância e a superação de obstáculos

Outro benefício de aprender inglês desde a infância é que o aprendizado de uma terceira ou quarta língua serão muito mais fáceis. Um estudo do Instituto de Ciências do Cérebro e Aprendizagem da Universidade de Washington (EUA) demonstrou que bebês bilíngues têm maior facilidade em aprender novos idiomas porque descobrem sons que não são muito utilizados em sua língua materna — a diferença entre os sons de “r” e “l” na língua inglesa não é tão visível no japonês, por exemplo.

Shalomir e Samara também apontam outros motivos para essa facilidade. A criança passa a ter conhecimento de estruturas linguísticas (gramática, sintaxe e vocabulário) que podem ser utilizadas para aprender novos idiomas com origens semelhantes. Além disso, as estratégias de aprendizagem desenvolvidas para aprender a segunda língua podem ser reaproveitadas nas demais.

Para Helena Hoeschl Gonçalves, assessora pedagógica de Eduall, os benefícios da alfabetização bilíngue vão muito além da própria fluência. “Esses alunos trabalham muito mais a criatividade, a forma de se expor e a timidez”. Ela também diz que há uma melhoria nas capacidades cognitivas ligadas à atenção, à memória e ao raciocínio lógico.

A importância da multiculturalidade na vida da criança

O ensino bilíngue permite o contato da criança com diferentes culturas, seja pelo maior acesso às fontes de conhecimento ou na interação com pessoas de outras países. Além disso, crianças bilíngues parecem ter um maior entendimento de diferentes perspectivas, pensamentos, desejos e intenções, bem como um aumento de sensibilidade a certas características comunicativas, como tons de voz.

Essa multiculturalidade é essencial para a formação de um cidadão global, que não limita seus conhecimentos a fronteiras geográficas. Helena ressalta que a alfabetização bilíngue contribui para isso ao revelar diferentes populações, aspectos culturais e pontos de vista para o estudante. “Ele é exposto naturalmente a essa grande beleza que é o mundo. Esse aluno fica com uma amplitude de visões, não só a que ele tem dentro de casa ou dentro da escola.”

Uma pesquisa da Concordia University, no Canadá, reuniu diferentes conjuntos de dados e mostrou que, na maioria dos estudos, os bilíngues constroem representações iniciais do mundo menos rígidas. Elas, por sua vez, são mais fáceis de atualizar quando as circunstâncias mudam. Isso demonstra uma maior abertura ao novo, formando cidadãos mais completos, críticos e receptivos.

A multiculturalidade desenvolve:

  • sensibilidade cultural;
  • empatia;
  • ampliação de horizontes;
  • habilidades de comunicação;
  • construção de identidade étnica;
  • pensamento crítico;
  • respeito à diversidade.

Todas essas habilidades são essenciais para a promoção da harmonia social em sociedades multiculturais e para se destacar no mercado de trabalho de um mundo cada vez mais globalizado.

menina em sala de aula sorrindo

O bilinguismo e o mercado de trabalho: como ter fluência em um segundo idioma abre portas para o futuro?

Saber inglês em um mundo cada vez mais globalizado é um diferencial importante no mercado de trabalho. Segundo o British Council, apenas 5% dos brasileiros têm conhecimento da língua inglesa. E uma pesquisa da Catho mostrou que um profissional brasileiro com fluência no idioma pode ter o salário até 61% maior do que alguém sem essa habilidade. Além disso, profissionais bilíngues costumam ter mais chances de crescimento na carreira.

Para Helena, a fluência em um segundo idioma sempre abre portas no mercado de trabalho. “Muitas empresas utilizam o inglês como a língua para o trabalho interno e em manuais de áreas como Engenharia, Ciências da Computação e Farmácia”. Ela diz que é relevante aprender também um terceiro ou quarto idioma, o que será facilitado se o indivíduo já for alfabetizado na segunda língua.

Shalomir e Samara concordam que ter habilidade em inglês é um grande aliado de quem busca por uma boa colocação. “Em algumas empresas, o domínio do idioma pode ser usado como critério de desempate em processos seletivos”, afirmam. “Aqui no Brasil é grande o crescimento de multinacionais e até mesmo empresas com colaboradores em outros países. A possibilidade de participar de eventos, reuniões, entrevistas, acordos, viagens e de muitas outras situações podem beneficiar quem fala inglês.”

As especialistas lembram que a globalização e o constante avanço das tecnologias de comunicação no ambiente de trabalho tornaram o mundo dos negócios mais interconectado do que nunca. Isso também demandou um maior conhecimento de outras línguas, sobretudo o inglês, para lidar com clientes, parceiros e fornecedores de diferentes partes do mundo.

“As tecnologias de comunicação, como videoconferências, e-mails e ferramentas de colaboração online, permitem que as equipes de trabalho estejam distribuídas globalmente”, observam. O conhecimento de inglês também é fundamental para se manter atualizado com informações, pesquisas e cursos de capacitação disponíveis apenas no idioma.

O bilinguismo e o cérebro a longo prazo

Os benefícios do bilinguismo também se estendem para áreas como saúde e desenvolvimento pessoal. O aluno bilíngue tem maior facilidade para resolver problemas e habilidades linguísticas e sociais mais desenvolvidas, além de mais empatia, tolerância e compreensão intercultural.

Helena cita ainda que o bilinguismo pode ser considerado um exercício para o cérebro, visto que é necessário um esforço para aprender um novo idioma. Por esse motivo, essa habilidade pode servir para diminuir a possibilidade de doenças da mente, como a demência.

Um outro estudo publicado na revista Science Advances buscou analisar a capacidade de memória dos indivíduos bilíngues e monolíngues. Os participantes deveriam tentar deduzir a palavra que seria dita com apenas alguns sons dela.

Foi constatado que as pessoas bilíngues demoravam mais para escolher uma palavra, afinal, elas tinham mais opções — os sons “k” e “l”, por exemplo, podem formar as palavras clock (relógio, em inglês) e clavo (prego, em espanhol). Essa amplitude de possibilidades pode aprimorar a memória desses indivíduos a longo prazo, visto que a capacidade de lembrar de muitas informações é constantemente praticada.

Alfabetização bilíngue: como fazer?

De acordo com a assessora Helena, a alfabetização bilíngue acontece de forma natural, como na língua-mãe, por meio de letramentos e exposição. Ela diz que, dessa forma, o raciocínio lógico da criança é desenvolvido de uma maneira mais acelerada e espontânea. “Existem muitas técnicas e estratégias para que seja da forma mais lúdica possível: é brincando que ela vai sendo alfabetizada”, afirma.

As especialistas pedagógicas Shalomir e Samara dão algumas orientações para garantir um processo de aprendizagem eficaz e saudável:

  • respeitar o desenvolvimento linguístico de cada criança;
  • oferecer suporte consistente em ambas as línguas;
  • criar ambientes bilíngues em casa e na escola;
  • escolher materiais apropriados;
  • incentivar a motivação e o interesse;
  • estar ciente de desafios potenciais, como a necessidade de lidar com diferentes sistemas de escrita e ortografia.

Elas salientam que a alfabetização bilíngue é um processo que pode variar de uma criança para outra, portanto, é importante adaptar as abordagens de acordo com as necessidades individuais e os contextos culturais. “A colaboração entre escola, professores, pais e cuidadores desempenha um papel fundamental no sucesso da alfabetização bilíngue.”

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