Em um mundo cada vez mais digital e globalizado, dominar a língua inglesa permite ampliar a bagagem cultural e exercer a cidadania global
Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que estabelece as aprendizagens essenciais que os alunos devem ter durante a educação básica, aprender a língua inglesa permite novas formas de engajamento e participação em um mundo cada vez mais globalizado e plural. Assim, diz o documento, o estudo do idioma favorece o desenvolvimento do pensamento crítico dos estudantes e o exercício da cidadania global.
Helena Hoeschl Gonçalves, assessora pedagógica do Eduall, pontua que uma criança bilíngue se torna um cidadão global. “O aprendiz bilíngue em inglês estuda um idioma falado mundialmente. Isso irá inseri-lo numa aldeia global de uma forma plural e menos excludente”. De acordo com ela, esse ensino contribui para que o jovem respeite e valorize a diversidade cultural e social, tenha uma postura reflexiva e use sua criticidade livre de preconceitos para celebrar as diferenças sem deixar de ser ele mesmo.
Para desenvolver uma cidadania global, o estudante precisa ter acesso a conteúdos internacionais e ampliar seu conhecimento de mundo. O aprendizado da língua pode auxiliar nesse sentido.
Bilinguismo, conhecimento e desenvolvimento cognitivo
O próprio processo para chegar ao bilinguismo abre portas para o conhecimento. Isso começa a partir das habilidades cognitivas desenvolvidas durante a aprendizagem do segundo idioma. Há um melhor desempenho nas tarefas cognitivas, segundo a especialista. “Vários estudos e agentes da prática do bilinguismo têm notado que as crianças bilíngues apresentam maior capacidade de resolução de problemas e habilidades de raciocínio abstrato.”
O constante alternar entre sistemas linguísticos – a língua materna e o segundo idioma -ajuda a criar flexibilidade cognitiva, o que permite uma adaptação com mais facilidade a diferentes situações e contextos no mundo atual. “Há ainda algumas pesquisas que mostram que o bilinguismo está relacionado a um maior controle inibitório, que é a capacidade de suprimir informações irrelevantes ou impulsos indesejados”, acrescenta Helena.
O aprendizado de um segundo idioma desde a infância também traz um estímulo ao desenvolvimento cerebral de uma forma significativa. A assessora diz que a exposição a diferentes sons, estruturas gramaticais e vocabulário fortalece conexões neurais e favorece a plasticidade cerebral, o que resulta em um cérebro mais ágil e mais eficiente para o processamento de informações.
Essas vantagens são importantes não apenas para o aprendizado do idioma, mas também para outras áreas do conhecimento aprimorando a capacidade multitarefa. “A habilidade de se concentrar em diferentes e diversas tarefas ao mesmo tempo e alterná-las eficazmente traz um melhor desempenho acadêmico e profissional”, comenta.
Bilinguismo e conhecimento: oportunidades online para treinar o idioma
Outra maneira de ampliar a visão de mundo e a bagagem cultural usando o bilinguismo é por meio de atividades que podem ser feitas a partir do conhecimento do inglês. “Para os indivíduos fluentes em mais de um idioma, especialmente no contexto acadêmico, podemos dizer que a gama de oportunidades online e internacionais é muito grande”, aponta Helena. Ela cita algumas:
- Museus virtuais: alguns dos mais importantes museus e galerias de arte do mundo oferecem tours virtuais, obras e coleções disponíveis na internet e conteúdos online em inglês, como o Museu do Louvre, em Paris, oBritish Museum, em Londres, e o Museu de História Natural, em Nova York.
- Google Artes e Cultura: o Google Arts & Culture é o maior repositório de tours virtuais, com uma plataforma intuitiva que permite a pesquisa pelo nome da instituição cultural no menu “Explorar” ou a busca pelas hashtags #museumfromhome e #culturaemcasa.
- Sites de pesquisas internacionais: como o Google Scholar, um repositório de artigos acadêmicos de vários países, o ResearchGate e o Academia.edu, redes sociais para que cientistas e pesquisadores de todo o mundo acessem publicações e interajam entre si.
- Cursos online: sites como a FutureLearn oferecem cursos virtuais de universidades e organizações culturais do Reino Unido e outros países. Também vale ver as opções disponíveis na Khan Academy.
- Workshops internacionais: como o TED Talks, conferências curtas com especialistas de diversas áreas e nacionalidades, e o LinkedIn Learning, que tem uma variedade de assuntos em diversos idiomas.
- Conferências e simpósios: podem ser oferecidos por sites como o MOOC (Massive Open Online Course), em que inúmeras universidades participam e fornecem certificados internacionais.
Como essas atividades contribuem para o desenvolvimento linguístico?
Helena reforça que há uma notável melhora do desenvolvimento linguístico dos alunos que decidem aproveitar esse tipo de oportunidade. “Eles têm uma imersão linguística com conteúdo autêntico, vocabulário focado, leitura robusta, redação estruturada, melhoria da compreensão auditiva e da pronúncia por meio dos vídeos e palestras.”
Além disso, essas experiências trazem um excelente aprendizado cultural. “O bilinguismo está diretamente relacionado à multiculturalidade”, destaca a assessora. “Explorar museus e participar de workshops internacionais aumentam a exposição a essa multiculturalidade e aprofundam o conhecimento e a compreensão das culturas associadas ao idioma estudado.”
Ela conclui, fazendo uma citação ao educador Paulo Freire. “Ensinar nos termos de Freire não é simplesmente estar na sala de aula, num projeto bilíngue ou aprendendo uma nova língua”, afirma. “É estar na história, na esfera mais ampla de um imaginário político, que oferece aos educadores e aos educandos a oportunidade de uma enorme coleção de campos para mobilizar conhecimentos e desejos que podem levar a mudanças significativas na vida cultural e global.”