Apresentações culturais, festivais musicais e feiras de ciência são oportunidades para integrar o ensino da língua inglesa a outros conteúdos curriculares
A interdisciplinaridade na educação, como forma de superar a fragmentação do conhecimento e das disciplinas, é um assunto amplamente discutido por especialistas e educadores. A própria Base Nacional Comum Curricular (BNCC) aborda essa questão ao se referir à organização dos currículos dos sistemas e redes de ensino e das instituições escolares: “decidir sobre formas de organização interdisciplinar dos componentes curriculares e fortalecer a competência pedagógica das equipes escolares para adotar estratégias mais dinâmicas, interativas e colaborativas em relação à gestão do ensino e da aprendizagem”.
No caso do ensino de língua inglesa, a integração dos conteúdos é ainda mais necessária. Afinal, trata-se de um componente curricular que precisa de estímulos externos e associações com o cotidiano para que a aprendizagem seja mais significativa, além de ser uma ferramenta de acesso ao conhecimento e de inserção dos sujeitos no mundo globalizado, conforme estabelece a própria BNCC.
Aprender um idioma novo é entender a linguagem própria de outros povos e nações, e isso envolve o ensino de toda uma cultura, incluindo história, geografia, ciências naturais, artes e tantas outras áreas. “Ao trabalhar o bilinguismo, é importante entender que ele não deve ser tratado como uma disciplina comum da escola, mas sim estar integrado na rotina do aluno”, afirma Murilo Motta, assessor pedagógico bilíngue da Eduall. “Quando falamos a respeito das demais matérias do colégio, é importante o aluno entender que todas podem também ser trabalhadas em inglês.”
Estratégias para integrar o ensino bilíngue às demais áreas do conhecimento
Existem algumas abordagens que podem ser adotadas para promover a interdisciplinaridade na educação bilíngue. Elas precisam enriquecer a experiência educacional dos alunos sem deixar de lado o desenvolvimento das habilidades linguísticas e cognitivas. Ao explorar temas relevantes de outras disciplinas, de maneira adaptada ao contexto do ensino bilíngue, os estudantes têm a oportunidade de aplicar o que sabem do idioma em situações práticas.
Como recurso de integração, Murilo cita a abordagem Content and Language Integrated Learning (CLIL), ou Ensino Integrado de Conteúdo e Língua, da solução bilíngue Eduall, que tem como objetivo promover a interdisciplinaridade. Nela, são tratadas disciplinas como matemática, história, geografia, artes e música, entre outras.
Além disso, uma abordagem vinculada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU) pode ser interessante, ao tratar de diversos temas interdisciplinares e contemporâneos, como mudanças climáticas, energia limpa, igualdade de gênero e saúde e bem-estar. “Nesses assuntos, também utilizamos a abordagem CLIL para trabalhar com estudo, debate e aprofundamento dessas questões”, conta o assessor.
Murilo aponta mais algumas estratégias que podem ser utilizadas:
- Projetos interdisciplinares, no qual o docente de uma determinada matéria pode, em parceria com o professor do programa bilíngue, elaborá-los em conjunto com a turma;
- Atividades avaliativas que podem ocorrer dentro do conteúdo ensinado nas demais disciplinas, porém em inglês;
- Atividades de extensão cultural, como workshops, apresentações e feiras voltadas ao conteúdo bilíngue.
Exemplos de projetos colaborativos e atividades interdisciplinares
No programa bilíngue do Eduall, são realizadas diversas atividades colaborativas nas escolas em conjunto com professores de diferentes disciplinas. Alguns exemplos são:
- Feira cultural anglófona: o professor de outra disciplina, como história ou geografia, auxilia na pesquisa e elaboração de uma apresentação de aspectos sociais e culturais de países que têm o inglês como idioma principal;
- Apresentações ou festivais musicais: os professores de arte e música da escola, em conjunto com o professor do programa bilíngue, desenvolvem apresentações voltadas à comunidade escolar com canções em inglês;
- Feiras de ciências: os alunos criam, desenvolvem e apresentam projetos ao público totalmente em inglês.
Segundo Murilo, o desenvolvimento bilíngue de um aluno vai muito além das aulas. “É algo intrínseco ao cotidiano dos estudantes e deve fazer parte de suas atividades rotineiras, de seu lazer, do modo como vê o mundo e, claro, de seu cotidiano escolar.”
O assessor se refere não somente às atividades com o professor do programa bilíngue, que estimula o aluno a desenvolver suas habilidades linguísticas, mas a toda a comunidade escolar. Ela inclui docentes de outras disciplinas, colegas de classe, funcionários da escola e a própria família, e serve como um apoio complementar ao trabalho do professor de inglês.
Por exemplo, a interação com colegas em atividades colaborativas, como debates, é importante para a prática e o aprimoramento das habilidades de comunicação em inglês. Já o apoio e incentivo dos pais e responsáveis em casa pode encorajar o uso do idioma no ambiente doméstico.
Além disso, a presença de recursos e materiais didáticos em inglês em toda a escola, como livros e murais, cria um ambiente imersivo que também incentiva a prática constante da língua. “Uma comunidade escolar participativa promove um ambiente estimulante para que esse aluno atinja o máximo de seu potencial”, reforça o assessor.