O ensino bilíngue, que é caracterizado pela integração de um segundo idioma, somado a língua nativa, a toda a grade curricular da escola, tem uma série de vantagens que vão além do aprendizado de outra língua. Primeiro, porque facilita o ingresso dos estudantes no mercado de trabalho, mas, não menos importante, também possibilita o desenvolvimento de uma série habilidades socioemocionais.
Benefícios que se refletem em toda sua trajetória escolar, facilitando e otimizando diversos aspectos da vida, tanto no quesito profissional quanto no pessoal. Uma pesquisa realizada pelo British Council questionando as empresas sobre quais as habilidades profissionais seriam mais importantes para o mercado mostrou que 91% das empresas consideram o domínio do inglês como uma competência básica essencial e como o principal idioma dos negócios.
Outra pesquisa, desta vez realizada pela Catho, plataforma para a recolocação profissional, confirmou que um profissional brasileiro com fluência no idioma pode ter o salário até 61% maior do que alguém sem essa habilidade.Ser fluente em inglês deixou de ser um diferencial, mas um requisito para a rotina de trabalho de muitas empresas.
No entanto, é preciso dizer que os benefícios do aprendizado bilíngue não são colhidos apenas no futuro. Quanto mais cedo as crianças começam a aprender duas ou mais línguas simultaneamente, melhor será sua flexibilidade mental para avaliar questões complexas e para o desenvolvimento de algumas habilidades socioemocionais.
Cérebro mais flexível, agilidade no aprendizado
Como explicou a Fonoaudióloga e Psicopedagoga Master em Neurociência Pós-doutora em Psiquiatria Coord da Equipe Multi do Hospital Dia Infantil – IPqHCFMUSP, Telma Pantano, “quando pensamos em cérebro, obrigatoriamente pensamos em conexão e quando essa conexão se repete em um determinado tempo, o cérebro entende que ela é importante, e a gente forma uma aprendizagem.”
O bilinguismo para o cérebro, como explica Telma, é uma ampliação de redes neuronais. Existe uma área específica do cérebro para a segunda ou terceira língua que associa a isso a língua materna. “São as mesmas áreas do cérebro, desde que a gente comece com o aprendizado de forma precoce,” explica a fonoaudióloga.
Em suma, o cérebro de uma criança ou de um adolescente bilíngue é mais plástico e mais flexível, capaz de se adaptar e aprender mais facilmente. Fazendo uma analogia a atividade física: quanto mais treino, mais fácil será executar o exercício, quanto mais treino da memória, melhor ela será.
No ensino bilíngue, as crianças estão muito mais atentas ao formato e significado de uma frase porque ativam áreas de cérebro que ampliam sua capacidade de processamento, como mostra um estudo da psicóloga canadense Ellen Bialystok.
Ellen Bialystok, professora da Universidade de York, no Canadá, após uma série de pesquisas, descobriu que as pessoas bilíngues têm vantagens cognitivas em comparação aos monolíngues. Segundo ela, quem fala duas línguas tem mais facilidade de focar sua atenção naquilo que é relevante, ignorando as distrações.
Para a pesquisadora há muitas razões para promover o bilinguismo em crianças. Primeiro, pelo desenvolvimento da cognição, mas também pelos resultados sociais, educacionais e ocupacionais. Na prática, o cérebro é treinado e se torna capaz de melhorar o desempenho em solução de problemas, raciocínio flexível, criatividade e atenção — está apto a desenvolver com tranquilidade as habilidades socioemocionais.
O que são as habilidades socioemocionais?
Em um mundo VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo) é preciso desenvolver habilidades e competências que nos permitam lidar com as nossas próprias emoções e com o outro de maneira responsável. As competências socioemocionais são habilidades presentes nos modos de pensar, de lidar com os sentimentos, nos comportamentos ou atitudes para se relacionar consigo mesmo e com os outros. Também está associada a capacidade de estabelecer objetivos, tomar decisões e enfrentar situações difíceis ou mesmo diante do novo.
Livia Rodrigues, assessora pedagógica da Eduall explica que a plataforma bilíngue da SOMOS Educacional segue as orientações do professor Charles Fadel e a BNCC (Base Nacional Curricular Comum). “Charles Fadel é fundador e presidente do Center for Curriculum Redesign (CCR), professor visitante da Harvard Graduate School of Education, membro da BIAC/OCDE, coautor do livro 21st Century Skills, fundador e presidente da Fondation Helvetica Education (em Genebra, na Suíça), conselheiro sênior da The Conference Board Human capital Exchange e da P21.org”, conta a assessora. “ Ele trabalha com sistemas e instituições educacionais em mais de trinta países e foi um dos participantes do evento de lançamento da BNCC na prática.”
Livia conta que, a partir das ideias e conhecimento do professor Fadel, a Eduall elaborou todo o material do professor. “Trabalhamos com cada série as competências e habilidades das crianças com as atividades alinhadas à BNCC”, diz Livia.
O MEC (Ministério da Educação) definiu na BNCC (Base Nacional Curricular Comum) as seguintes competências a serem desenvolvidas na educação básica no país:
1. Autoconsciência: capacidade de entender as próprias emoções e avaliar seus pontos fortes e fracos;
2. Autogestão: habilidade de se automotivar, controlar os impulsos, definir metas, ter planejamento e organização;
3. Consciência Social: envolvimento do estudante com o próximo, levando em conta empatia, respeito e aceitação da diversidade;
4. Habilidades de Relacionamento: manifestação de ações de escuta ativa, comunicação clara e cooperação com os colegas;
5. Tomada de decisão responsável: capacidade de realizar escolhas pessoais, levando em conta padrões éticos e morais.
Além desses aspectos, a BNCC também destaca que o ensino do inglês tem caráter formativo:
“Aprender a língua inglesa propicia a criação de novas formas de engajamento e participação dos alunos em um mundo social cada vez mais globalizado e plural […]. O estudo da língua inglesa pode possibilitar a todos o acesso aos saberes linguísticos necessários para engajamento e participação, contribuindo para o agenciamento crítico dos estudantes e para o exercício da cidadania ativa.”
O ensino bilíngue e as habilidades socioemocionais
No ensino bilíngue, a primeira habilidade socioemocional a ser desenvolvida é a interdisciplinaridade. Ao aprender diferentes conteúdos em dois idiomas, o estudante tem mais facilidade de estabelecer conexões com aquilo que vive no seu dia a dia.
A base do relacionamento interpessoal é a comunicação. Desta maneira, as palavras funcionam como uma ponte para que os alunos possam expressar suas ideias, opiniões e sentimentos. Também é o caminho para entender o ponto de vista do outro.
Além da formação linguística, o ensino bilíngue promove a formação integral dos estudantes. Como explica a assessora pedagógica, Livia Rodrigues: “Todos os materiais do Eduall, plataforma de educação bilíngue da SOMOS Educação, tem o alinhamento com a BNCC.
Com isso, nossas propostas de atividades trabalham comunicação, ética, pensamento crítico, resolução de problemas, colaboração, resiliência, que também estão listadas como as competências para o século 21 pela Unesco”, explica.
“Ou seja, além de tornarmos os alunos familiarizados e fluentes em um novo idioma, eles são preparados para ter um melhor preparo para a vida adulta e profissional.”
Outro aspecto, como dissemos acima, o ensino bilíngue facilita o processo cognitivo, os estudantes têm um cérebro mais flexível, o que permite um raciocínio mais ágil e uma memória melhor. Desta forma, são alunos mais atentos, criativos, abertos ao novo e aptos a resolver problemas.
O estudante bilíngue também tem um repertório cultural maior. A educação bilíngue não se restringe ao ensino do idioma, mas cabe a escola apresentar a cultura de outros países onde a língua é falada. Desta maneira, a criança e o adolescente têm contato com costumes e hábitos de outros lugares, ampliando o repertório cultural.
Esse contato com outras culturas pode auxiliar a desenvolver a empatia e o respeito pelas pessoas que adotam visões de mundo diferentes das nossas. Outra vantagem da educação bilíngue, é formar estudantes mais empáticos e que saibam respeitar a diversidade.
“O material traz pontos importantes explicando as culturas e costumes de outros países. As atividades são pensadas para que os alunos interajam entre eles e troquem experiências e opiniões sobre assuntos diversos em sala,” destaca Lívia. “Com isso criamos atividades para que possamos fazer uma entrega assertiva durante as aulas.”
Uma aula de desenho pode trazer muitos benefícios aos estudantes. Livia dá o seguinte exemplo: as crianças estão aprendendo sobre família, a sugestão é que façam um desenho que represente sua família (algo que desenvolve a criatividade). Na aula seguinte, o aluno vai apresentar a família aos colegas trabalhando a habilidade da comunicação.
Os estudantes que estão ouvindo a apresentação estão desenvolvendo a habilidade de empatia e colaboração. “Os alunos, muitas vezes, precisam ensaiar, pois ficam nervosos e, com isso, trabalhamos a resiliência.
Ao treinar e apresentar algo que criaram, fica uma aprendizagem mais significativa, e isso ajuda no processo da metacognição”, finaliza a assessora pedagógica.