Desafios comuns no processo de bilinguismo e como superá-los 

A desistência no aprendizado de inglês é um evento que pode acontecer diversas vezes na vida de uma pessoa. O ciclo de se matricular em um curso e cancelar a matrícula é uma perda de tempo e de dinheiro, além das possíveis consequências emocionais de não se sentir capaz de aprender. Por isso, é preciso analisar as próprias atitudes e refletir sobre os pontos que podem ser melhorados. 

Hélio Dourado, assessor do Eduall, aponta alguns dos obstáculos mais comuns enfrentados pelas pessoas que tentam aprender um segundo idioma, bem como suas soluções: 

1. Falta de prática consistente 

Várias horas de estudo diárias podem impressionar os ouvintes — porém, mais importante do que a intensidade é a consistência do aprendizado. Não adianta estudar o dia inteiro em uma semana e esquecer da existência da língua estrangeira na outra. É preciso existir um esforço periódico e uma prática constante. 

Nem sempre o estudo consistirá em ler o conteúdo ou participar de uma aula teórica. Na verdade, quando se trata de um novo idioma, a vivência da língua e da cultura desempenha um papel importante. O processo de fluência demanda uma prática regular por meio de conversação e exposição a mídias. 

2. Dificuldade em manter a motivação 

Um artigo publicado na revista Educação e Emancipação concluiu que o incentivo é o principal fator que desperta no estudante o interesse do saber. “Buscar o conhecimento de uma língua estrangeira é algo que requer disposição e vontade do aluno, do professor e até mesmo da família, a qual vem atuar diretamente e indiretamente no processo da motivação”, afirmam os autores.  

Uma das formas de contornar isso é entender a importância de um segundo idioma para aprimorar capacidades cognitivas, culturais e afetivas. A língua deve estar relacionada a questões do cotidiano e ser ensinada por meio de atividades lúdicas e dinâmicas, como jogos, músicas e livros. Ao associar tarefas divertidas ao aprendizado, é possível manter a motivação e impedir a desistência. 

3. Exposição limitada 

Também relacionada à prática consistente, é possível modificar os ambientes para aumentar a imersão no idioma. Mudar as configurações do seu celular para a língua estrangeira, ouvir músicas de artistas do país e ter contato regular com pessoas fluentes são apenas algumas dicas que podem ser utilizadas. 

4. Autocrítica excessiva 

Durante o processo de bilinguismo, é certo que o aluno cometerá alguns erros. Eles fazem parte do aprendizado e são oportunidades de obter um ensinamento mais profundo dos conteúdos. Além disso, a superação desses desafios pode desenvolver competências socioemocionais e habilidades de entender e controlar os próprios sentimentos. 

Uma metodologia que valorize a evolução do estudante é mais eficaz do que as que se preocupam somente com notas e exames. As avaliações desempenham um papel relevante para obter uma noção do nível de conhecimento, mas o processo não pode se resumir a isso, ou então pode gerar um medo de errar, falta de confiança e consequentemente menor motivação. 

5. Diferenças culturais 

A linguagem está necessariamente atrelada à cultura da região. Isso significa que existirão alguns termos e expressões que só funcionam no dialeto local. Ao aprender uma segunda língua, é comum tentar traduzir as palavras para o idioma materno — mas isso nem sempre funciona.  

Por exemplo, a expressão inglesa “steal someone’s thunder”, em tradução literal para o português, seria “roubar o trovão de alguém”. Ela não faz sentido na nossa língua porque não conhecemos seu contexto histórico: no século 18, o dramaturgo John Dennis inventou uma máquina que simulava sons de trovão para a sua peça, mas ela não funcionou do jeito que ele imaginava. Algum tempo depois, a mesma máquina foi utilizada para uma peça de “Macbeth” e foi um sucesso, deixando-a com os créditos da invenção, mesmo não sendo a pioneira. Ou seja, a expressão significaria algo como “roubar a ideia de alguém”. 

A imersão cultural é indispensável para alcançar a fluência. Uma das estratégias é consumir entretenimento dos países que falam o idioma estudado, bem como obter informações sobre a história e os costumes da região. 

6. Ansiedade 

Um estudo realizado pela PUC-Rio afirma que a ansiedade debilitante se constitui como um elemento prejudicial ao aprendizado de línguas estrangeiras. Em pesquisas anteriores, já se apontava que ela é o fator afetivo que mais intensamente obstrui o processo de aprendizagem, sendo associada a sentimentos negativos como agitação, frustração, dúvida, apreensão e tensão. 

É importante lembrar que não se aprende uma língua de um dia para o outro. A duração do processo depende do tempo disponível diariamente, do quanto o idioma materno é parecido com o estrangeiro, do método de estudo, entre outros fatores. Por isso, uma das formas de contornar a ansiedade é ter a consciência de que será necessária muita paciência durante esse período. 

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